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Movimento Shalom

O Movimento Encontros de Jovens Shalom – MEJShalom, é um movimento voltado para a evangelização da juventude, que tem como finalidade: Jovens evangelizando outros jovens.

É oportuno esclarecer quando surgiu o MEJShalom e qual o contexto da época. Anos 60. Em todo o mundo os jovens lutam por voz e vez, e buscam ansiosamente sentido para suas vidas, o que vem a explodir nos movimentos juvenis da década, como os hippies. E a Igreja, reunida no Concílio Vaticano II, atenta a essa realidade, delega aos jovens a missão de rejuvenescer-lhe o rosto.

Nessa mesma época, Angola, colônia portuguesa na África, luta por sua independência e, frente à oposição do governo colonial, a guerra tornou-se inevitável. Nesse contexto, falar de paz era perigoso.

Como resposta a tudo isso e sobretudo aos anseios dos jovens de Angola que queriam paz e ser Igreja sem deixar de ser jovens, surge o Movimento Shalom.

Há 40 anos numa Angola marcada pela guerra, uma guerra que, para os jovens, sobretudo, não tinha sentido. (…) Padre Luís Carlos, que procurou ser fiel ao carisma recebido de Deus, deu origem a um movimento de que ele foi o fundador, que hoje existe, pujante, em Portugal e no Brasil: Movimento Encontros de Jovens Shalom mais conhecido por MEJ-SHALOM. Era como esta palavra Shalom que os seus membros se passaram a saudar.

Luís Carlos, ainda seminarista, percebeu os questionamentos dos jovens da década de 60 num país como Angola em guerra. Inebriado pelos valores trazidos pelo Concílio Vaticano II e pela pedagogia da Educação Libertadora de Paulo Freire, ele estrutura um método próprio e uma espiritualidade voltada para a juventude (isso será aprofundado mais adiante).

O Movimento parecia surgir como a alternativa capaz de responder aos problemas concretos da juventude. Isso era, no entanto, apenas o primeiro passo de um longo caminho a percorrer com grandes lutas pelo meio, lutas que não impediam que a alegria juvenil se fizesse sentir nas missas de Nova Lisboa onde se usavam guitarras e se cantavam cânticos adaptados aos anseios dessa juventude.

Este Movimento nasceu da idéia de que os jovens fossem os profetas do seu tempo, homens/mulheres novos, geradores de Cristo na história. Maria Fernanda nos revela em seu livro um pequeno opúsculo que foi usado como divulgação do movimento que diz:

    O Movimento Shalom desperta no jovem o seu jeito próprio de ser apóstolo. No grupo, o jovem vai crescendo na sua dimensão humana para Deus e para os homens. Deverá, então, ser espelho dessa comunhão de vida, numa ação eficaz. É uma ação que se dá na evangelização dos jovens pelos próprios jovens. É uma caminhada de um jovem junto de outro jovem.
    A comunidade paroquial, onde o grupo se insere, e o meio onde o jovem trabalha/estuda são pois, os lugares privilegiados para essa ação evangelizadora. Ação esta, acompanhada de oração individual/grupo, de partilha em grupo onde o jovem se insere, de reflexão e de aprofundamento.
    Chamamos a esta ação evangelizadora de ação pessoal visto tratar-se de uma relação entre duas pessoas, com diferentes experiências de vida, onde há um crescimento humano, em cada uma com aquilo que vão descobrindo.
    A ação pessoal é um processo de vida e de amizade. É um processo demorado, efectuado gradualmente e tem como finalidade a transformação do outro na descoberta dos valores e na renovação da sua vida em Cristo
    É pela ação pessoal, pela evangelização dos jovens pelos próprios jovens, que o Movimento vai tomando, no meio onde se encontra, o seu rosto de alegria, de festa, num caminhar sempre virado para o novo. Assim, os jovens sentem-se Igreja – apóstolos nas suas casas, no colégio, no trabalho – e a Igreja sente-se jovem – pela esperança, aventura e fé com que os jovens arriscam no futuro.[6]
 

O MEJShalom, como semente caída em terra boa, se espalhou pelas paróquias e dioceses de Angola, favorecendo uma juventude em movimento, engajada e comprometida com as lutas da realidade social. Mas, por causa de guerra, foi preciso desarmar a tenda e lançar-se a novos horizontes, deixando-se ser iluminados pelo Espírito Santo e armar a tenda em outro país sem esquecer do carisma da evangelização da juventude por meio do MEJShalom.

Os jovens que doaram radicalmente a vida pelo reino de Deus, consagraram a vida pelo sonho de uma comunidade religiosa, onde pudessem armar a tenda da itinerância nas realidades dos jovens. Em Angola, num contexto de instabilidade pela situação da guerra, três jovens (Luís Carlos – fundador do MEJShalom, Manuel Couto e José Teixeira) partiram em 1975 numa saída dramática rumo ao Brasil.
 

A alegria dum país que nasce motivada todo o mundo para a descoberta do novo. Porém, pouco a pouco, a esperança dava lugar à angústia, o sonho às interrogações. A confusão se instalou em Angola e a insegurança também. Rapidamente a vida se tornou ali insuportável! Nesses dias, para morrer, somente uma condição se fazia necessária: estar vivo! Corriam os últimos dias de Julho de 1975. O nosso coração se tornou morada de uma dor profunda e duma incerteza angustiante. Parámos. Refletimos. Rezámos. E decidimos partir.[7]


O MEJShalom no Ceará

Deixando Angola para trás, partem em direção à América Latina. Chegaram ao Brasil, primeiramente no Rio de Janeiro e depois partiram para uma terra desconhecida no nordeste do país: Fortaleza. Aqui foram acolhidos por D. Aloísio Lorscheider.

“partiríamos para o nordeste: Fortaleza. Depois de 50 horas de autocarro, olhos abertos para uma terra desconhecida, chegámos à casa de D. Aloísio, presidente da CNBB que, juntamente com D. Paulo, bispo de Itapipoca, nos tinha convidado. Durante o ano 1976 este seria o nosso mundo. Aqui iríamos continuar o nosso trabalho de Angola pois para tal o convite tinha sido aceito“


A vida começa a ganhar um novo sentido de alegria e esperança. Agora se lançavam para uma nova experiência de evangelização. Começaram os trabalhos do MEJShalom na Paróquia de São Raimundo no dia 27 de Março de 1976. Seguiram-se encontros e mais encontros. Foi um tempo longo de adaptação e de elaboração de material.

Primeiramente aqueles três jovens que chegaram a Fortaleza ficaram morando com D. Aloísio. Posteriormente ele ofereceu a casa e a capela de São Judas, localizada na rua Olavo Bilac, 1364, no bairro de São Gerardo. Aí montaram a tenda do encontro, da partilha, da alegria, da festa e do diálogo com a juventude. Era a tenda de Deus no meio da juventude cearense.

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