Projecto de vida – A Superficialidade

Compartilhamento

Projecto de vida – A Superficialidade

 

Um dos grandes desafios/perigos para a elaboração do projecto de vida é a superficialidade.  Na verdade, este é o risco que todos corremos: viver mergulhado numa vida vivida em função do ter, na superficialidade das aparências e numas quantas selfies giras e buscas de likes para as redes sociais, pode tirar-nos a noção do sentido de vida e do ser pessoa. Todo projecto de vida pergunta-nos pelo sentido que damos à nossa existência. O perigo é viermos de likes e não de sentido. 

Vejamos um bom exemplo deste risco. Nestas últimas semanas, nos EUA, por causa do assassinato de George Floyd, uma onda de protestos se espalhou pelo país e por vários países do mundo. Nas redes sociais a hashtag #Blacklivesmatter (vidas negras importam) disparou como uma forma de protesto e como luta contra o racismo. Aqui em Portugal, no dia 6 de junho, aconteceu manifestações contra o racismo em 3 cidades do país: Lisboa, Porto e Coimbra. Uma repórter de uma TV local, na cobertura da manifestação em Lisboa, entrevistou duas jovens com seus telemóveis a filmar o momento e um cartaz com a hashtag #Blacklivesmatter perguntou: “que contributo é que vocês querem deixar aqui?” As duas não souberam o que dizer. Terá sido nervosismo? A pergunta foi desafiadora demais? As jovens sabiam o que quer dizer #Blacklivesmatter? Não podemos saber. Mas este foi um bom exemplo de como podemos nos deixar levar pela superficialidade do momento sem mergulhar na profundidade e na busca do sentido. 

Se não centrarmos a nossa atenção no sentido da nossa vida, no projecto que traçamos, continuaremos na superficialidade das aparências e não na profundidade do ser: do ser pessoa, do ser livre, do ser sentido, do ser em Deus. A elaboração de um bom projecto de vida exige maturidade, profundidade. Enquanto tudo a nossa volta convida à dispersão, à vivência do imediato, do “logo se vê”, no ter e no parecer… somos convidados a centrar a nossa vida naquilo que é essencial, naquilo que faz sentido. 

Hoje fala-se muito na geração “nem-nem”, isto é, nem trabalham nem estudam nem participam da vida cívica. Em Portugal, representa 15,2% dos jovens entre 18 e 24 anos, segundo os dados do relatório Education at Glance de 2018. Nos países da União Europeia representam 14,3%. No Brasil, segundo pesquisa do IPEA (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), 23% dos jovens não trabalham nem estudam. Claro que há uma série de fatores que provocam este fenômeno. No entanto, no que diz respeito a perspetiva de futuro e de sentido de vida, torna-se muito muito preocupante. Por esta razão se faz necessário criar espaços e condições para que estes e tantos outros jovens possam despertar para a noção de sentido de vida, de perspetiva de futuro elaborando um projecto de vida. 

No Encontro Inicial do Movimento Encontros de Jovens Shalom há uma pergunta que acompanha os jovens do inicio ao fim do encontro: “quem sou eu?” Este é um questionamento que perpassa toda a nossa existência. Mas esta é uma pergunta que desperta outras: que sentido tem a minha vida? Para quê serve a minha vida? Qual é a minha missão de vida? 
Ainda ecoa em meus ouvidos a pergunta da repórter da TV portuguesa feita às jovens naquela manifestação: “Que contributo é que vocês querem deixar aqui?” Acredito que este questionamento deve acompanhar a elaboração do projecto de vida. E tu? Que contributo é que vocês querem deixar aqui? 

Pe. Jorge, CSh

Veja o ultimos artigos da Comunidade

Acompanhe nossas redes sociais

Siga-nos pelo Facebook

Siga-nos pelo Instagram

Acompanhe nosso canal no Youtube