Eucaristia, Amor Serviço
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Eucaristia, Amor Serviço
Caminhante, há caminho,
O caminho é servir
A Ceia de todos
Sentamos para celebrar a ceia e perguntamos:
Quem queremos trazer para a comunhão desta celebração do amor?
E as vozes pipocam ao redor da mesa:
Trazemos os idosos, vítimas da pandemia;
E os médicos e enfermeiros e todos os que cuidam de pessoas;
Todos os que não têm água para beber e nem pão para comer;
Trazemos as vítimas das guerras e dos grupos terroristas;
Eu quero lembrar os refugiados da guerra da Síria;
Celebramos com a Criação de Deus, as montanhas, os rios, as flores, as florestas;
A natureza, destruída pelas guerras, pela industrialização, pela ganância do lucro;
Trazemos os desempregados e os sem salário;
Os sem casa;
Os sem terra;
O povo das ruas;
Os migrantes;
Os jovens;
A famílias;
As comunidades cristãs perseguidas;
Os que trabalham na paz e pela paz;
Celebramos com os povos indígenas da América do Sul;
E com os povos da África, tão esquecidos;
E com os que morreram nesta pandemia;
Trazemos os cientistas e pesquisadores, que sejam iluminados nos seus trabalhos;
Os governantes das nações, que tenham políticas de paz e em favor da vida;
Que a Humanidade se una num tempo novo de solidariedade;
Rezamos pelo Papa Francisco e pelos nossos bispos;
Celebramos com todos os que celebram a eucaristia;
Pelos meus pais que estão doentes;
Para que deste tempo nasça uma consciência nova;
A consciência da solidariedade e da vida.
E o número dos convidados para a mesa vai aumentando
E a comunhão fica mais densa e mais abrangente,
Como uma bola de amor que se expande de dentro de uma sala e abraça o universo.
E será que todos cabem num pedaço de pão e num copo de vinho?
E o corpo e o sangue de Cristo tomam a forma de rostos de fome, aflitos,
Rostos mimosos e airosos, sorridentes, rostos perseguidos e tristes, ressequidos,
Rostos de idosos, mulheres, crianças, jovens, pais e mães carregando os filhos nos braços,
Rostos de todas as humanidades.
Quem trazes tu para a comunhão da Eucaristia?
Todos são chamados a viver, a ser, a saborear o amor na comunhão do corpo de Cristo.
É a mesa da dignidade, do reconhecimento do outro, a ceia da vida do Reino.
Todos chamados à fraternidade, à nova Humanidade.
Juntos formamos um só, vida em Cristo.
A Criação inteira apresentamos diante de Deus, em grande ação de graças
Por Cristo, com Cristo, em Cristo, plenitude da Vida.
Lemos: o Evangelho do Lava pés (Jo 13,1-17)
A Liberdade do Amor
Jesus presidiu à ceia com os discípulos
na inteireza da sua liberdade e do seu amor:
“Desejei ardentemente comer convosco esta ceia pascal, antes de sofrer” (Lc 22,15);
“Tendo amado os seus que estavam no mundo, amou-os até ao fim” (Jo 13,1).
Jesus sabe que partindo o pão, está partindo o seu próprio corpo:
“Isto é o meu corpo que é dado por vós.”
O ritual da ceia se consumará no dia seguinte, na condenação e morte.
“Ninguém me tira a vida; Eu dou-a livremente” (Jo 10,18).
Na sua entrega, Ele assume a nossa vida e oferece a Deus a Criação inteira.
Jesus sabia que os seus amigos lutavam pelo primeiro lugar:
“os discípulos tinham discutido sobre qual deles seria o maior” (Mc 9,34).
Na ceia, Jesus surpreende-os com um gesto:
levanta-se da mesa, pega a toalha, e põe-se a lavar os pés deles, como servo.
Porque é Filho, Jesus tem a condição de servir na liberdade.
O Filho cuida e serve com alegria na casa do Pai.
Seu amor é forte, irresistível: o mestre faz-se servo, o maior põe-se a servir o menor.
“Se alguém quer ser o primeiro, deverá ser o último
e ser aquele que serve a todos” (Mc 9,35).
Na eucaristia, comprometemo-nos com uma nova História, o Reino de Deus,
que se torna presente a partir do desapego, da gratuidade, do amor serviço.
Eis o maior gesto eucarístico que Jesus deixa: servir no Amor.
Servir é o ato do filho, do discípulo e do apóstolo.
Desprendimento, acolhimento, simplicidade, ternura, solidariedade, alegria,
humildade, dar a própria vida, liberdade, partilha dos bens, ação de graças,
a eficácia do poder serviço, ser comunidade, são frutos da eucaristia.
A eucaristia é a Festa das Relações em que os filhos de Deus, Pai e Mãe,
se encontram entre si, sem distinção e sem divisão
e se comprometem a viver, no seu dia a dia, o lava pés,
onde o servir no amor é a maior dignidade da pessoa e a sua felicidade.
Percebo o amor de Jesus pela Humanidade e por mim,
deixo-me ser amado e aceito ser seu discípulo.
Louvo e agradeço ao Pai, pelo amor serviço de Jesus:
Doar a vida, para que todos tenham vida em plenitude.
Pergunto: Como está a minha capacidade de servir? O que dificulta que eu sirva com alegria?
Na minha vida, quais são os pés que precisam ser lavados?
Peço o dom do serviço: a capacidade de me doar conscientemente,
como pessoa livre, para que todos tenham vida.
Com Jesus, aprendo a gratuidade da liberdade do amor.
Caminhante, há caminho, o caminho é servir
Água, terra, céu e luz, seres todos despertai; ó silêncios, silenciai, vida e morte contemplai
Amor forte, dom total, vida plena até ao fim, caminhante há caminho, o caminho é servir.
O Mistério se revela, aos humildes, peregrinos; é Jesus quem dá a vida, na alegria de servir
Toda a fonte vem beber, deste amor fonte do amor, caminhante há caminho, o caminho é servir.
É tão simples, é a essência, é o fermento da alegria; silencioso e generoso, permanente e eficaz
É o amor revolução, que faz livre a liberdade, caminhante há caminho, o caminho é servir.
Pe. José Luís, CSh