Uma Páscoa assim

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Uma Páscoa assim

 

Não teremos mais uma Páscoa assim
Um tempo de silêncio coletivo que favoreça 
A interioridade e a comunhão.
É claro, estamos forçados a isso.
Preferíamos andar na rua, trabalhar normalmente
Fazer uma Semana Santa de consumo e diversão,
Sem densidade humana.
Mas estamos assim, próximos uns dos outros
Para estreitarmos as relações de intimidade
Deus falará mais profundamente em nós
O silêncio do mistério revelará o nosso ser.

Confrontamo-nos com os nossos sentimentos
Raiva, impaciência, azedume, irritação, insegurança, desassossego
Inquietação, tristeza, culpa, melancolia, depressão, incapacidade e medo
E também tranquilidade, mansidão, alegria, confiança, bondade 
Ternura, carinho, acolhimento, caminho da sintonia.
Abraçamos as realidades que nos abrem o caminho
O perdão, a fé, a esperança, o desejo de caminhar juntos,
A oração da Igreja, a comunhão da Igreja.

Faremos uma Páscoa diferente
É nas nossas casas que Deus nos falará 
Assim como somos, Páscoa na nossa carne
Na nossa pequenez e na nossa real liberdade de pessoas
Limitadas e atraídas, frágeis, mas chamadas pelo amor, para o amor
Contraditórias, mas em busca de integração interior
E com aqueles que dia a dia nos são próximos.

Podemos descobrir: aqueles que moram conosco
São a presença de Deus para nós e nós somos para eles.

Escutaremos os cantos do servo de Deus, no Livro do Profeta Isaías:
“Eis o meu servo, a quem Eu protejo, o meu eleito, enlevo da minha alma. 
Sobre ele fiz repousar o meu espírito, para que leve a justiça às nações. 
Fui Eu, o Senhor, que te chamei segundo a justiça; 
tomei-te pela mão, formei-te e fiz de ti a aliança do povo e a luz das nações, 
para abrires os olhos aos cegos, tirares do cárcere os prisioneiros 
e da prisão os que habitam nas trevas.” (Is 42, 1.6-7)
“O Senhor deu-me a graça de falar como um discípulo, 
para que eu saiba dizer uma palavra de alento aos que andam abatidos. 
Todas as manhãs Ele desperta os meus ouvidos, 
para eu escutar, como escutam os discípulos.” (Is 50,4)
Escutamos o chamado, definição maravilhosa do que somos:
Somos chamados e escutamos e dialogamos e respondemos
cativados pelo ser de Deus, pela beleza de Deus, pelos valores de Deus.

Enchemos a nossa casa do perfume do amor
Como na casa de Betânia, (em João 12, 1-11)
Amizade com Jesus, na amizade das pessoas da nossa casa.
O pai e a mãe presidem às refeições e às orações, como família, 
“Os filhos ao redor da mesa como rebentos de oliveira” (Sl 128,3)
Jesus senta conosco e come o nosso pão, os nossos alimentos
E reparte o seu ser conosco, a sua vida é o amor partilhado entre nós.

Deitaremos com Jesus na sua morte, venceremos o medo da morte
Abraçamos o nosso ser marcado pela morte, com amor
Estaremos com toda a Humanidade, impotente e esmagada
Diante de tantas realidades de morte:
A fome produzida pela ganância e pela ideologia do lucro
Pela produção de armas e pelas guerras,
Um sistema mundial que destrói o equilíbrio da terra
E produz empobrecidos e excluídos
As doenças, o sofrimento, a insensatez dos bêbados do poder
Mais e mais dominadores e surdos e cegos.

Preparamo-nos para ressuscitar com Cristo, 
Esta Páscoa vai trazer coisas novas
O amor deve tomar conta de nós, tempo de transformação
Algo novo deve nascer no nosso ser
Em que eu desejo ressuscitar?
O que desejo transformar na minha vida?
Tomamos consciência: percebemos o que Deus nos revela 
para transformar a nossa vida
recuperamos o rumo da nossa vida, da minha vida, da tua vida
Vou cair em mim, pôr os pés no chão, ser realista
E encarar os desafios com coragem e lucidez
E permanecer na esperança, na alegria e na graça da ressurreição.

“Por que procurais entre os mortos aquele que está vivo?”(Lc 24,5)
É na nossa vida real, na tua vida viva, 
Nas pessoas que vivem contigo
Na tua proximidade que Jesus vive.
Procura os sinais, Deus fala na nossa vida viva
Nesta realidade viva que vivemos
Deus nos revela o sentido e a densidade da vida.

“Foste colocado na balança e faltou peso”. (Dn 5,27)
Crescemos para a densidade de ser
Na intensidade de ser, a densidade do amor.
Despertamos e aprofundamos o caminho
Fortalecemos nossa vida de peregrinos.

Pe. José Luís, CSh

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