Recadinhos do Coronavírus

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RECADINHOS DO CORONAVÍRUS 

 

I Tudo o que acontece, acontece para melhor!

Em tempos de Pandemia, a primeira e mais bela de todas as orações, para todos os credos e para os sem religião, é ficar em casa, lavar as mãos e cuidar-se.
A segunda grande e bela oração é cuidar do emocional: manter a calma e a confiança, alimentar a serenidade... viver o momento presente, o aqui e agora.
VIRALIZAR MEDITAÇÃO ajuda a cuidar do corpo... se o vírus enfraquece o sistema respiratório, a prática da Meditação é o melhor exercício respiratório à nossa disposição.
VIRALIZAR MEDITAÇÃO ajuda a cuidar do emocional... liberando a ansiedade e o medo e as raivas e a tristeza... e gerando paz, serenidade, bem estar.
VIRALIZAR MEDITAÇÃO ajuda a alimentar o espiritual: deixar-se encontrar por Deus no lugar onde Ele nos habita. Saborear a presença amorosa de Deus... e aí poder encontrar a calma da criança que olha a tempestade a partir do colo da mãe.

Mas, em tempos de Pandemia, há uma outra e muito bela e necessária oração: escutar os RECADINHOS DO CORONAVÍRUS. As coisas são do jeito que são e muitas vezes, como agora, não está ao nosso alcance mudar a realidade das coisas. Mas, sempre, podemos mudar o nosso olhar sobre as coisas. E aí está a grande diferença: o nosso olhar, o jeito como olhamos as coisas.


Havia um rei, idoso e doente, que sentiu chegada a hora de passar o poder para o seu filho, o príncipe herdeiro. Mas ornei conhecia bem o filho que tinha: irresponsável, displicente, estourado, egoísta... e por isso o rei temia entregar os destinos do seu povo nas mãos daquele filho irresponsável. Adiou a decisão por algum tempo. Mas chegou o tempo em que não tinha mais jeito. A idade avançada, a doença e o cansaço, impediam o velho rei de continuar governando. E de novo ele se deparou com o dilema: entregar o governo do povo nas mãos de um filho irresponsável... ou continuar governando, sem mais condições de governar. Pensou muito... e teve uma ideia brilhante: chamou o filho e disse: meu filho, chegou a hora de passar o poder para as suas mãos. Mas tem uma condição: você tem que aceitar, como seu Conselheiro, o meu Conselheiro. Mas a reação do filho foi imediata: isso nunca! Esse Conselheiro é muito chato. Eu não suporto esse Conselheiro. Ele passa a vida repetindo: tudo o que acontece, acontece para melhor! Tudo o que acontece, acontece para melhor! Eu não suporto!
Mas o Rei não abriu mão. O Conselheiro era um homem sábio, que poderia botar freio na irresponsabilidade do príncipe e impedir estragos maiores para o povo.
Mas, entretanto, o filho arquitetou um esquema: vou aceitar o Conselheiro. Entretanto meu pai morre... e depois eu me livro desse velho conselheiro chato!
Negócio feito. O príncipe assumiu o poder, com o Conselheiro de seu pai.
Entretanto o pai morreu. E agora chegou a hora do príncipe, agora rei, se livrar do velho conselheiro chato.
Mandou combinar uma caçada, numa madrugada de inverno, com a presença de todos os homens da corte, inclusive o velho sábio conselheiro. Na madrugada combinada, quando os homens da corte se reuniram, temeram pelas condições do tempo: chuva torrencial, muito frio, ventos fortes... uma madrugada de tempestade. Pediram ao rei para adiar a caçada. Mas ele não abriu mão. Pediram ao rei que dispensasse da caçada o velho conselheiro, pelas suas debilidades físicas. Mas o rei não abriu mão. Afinal, ele queria mesmo era aproveitar essa oportunidade para se livrar do velho conselheiro chato.
E assim seguiram, no meio da tempestade, avançando floresta adentro. 
Mas, por causa da neblina e do escuro da noite, o rei acabou batendo com a cabeça no galho de uma árvore... e teve um ferimento grave. Todos se preocuparam... e o Sábio Conselheiro se aproximou e disse: meu rei, não se preocupe! Tudo o que acontece, acontece para melhor! 
O rei não aguentou mais. E ali mesmo, mandou matar o velho conselheiro, como já havia premeditado.
Os capangas do rei tiveram que executar a ordem perversa, mas, como todos gostavam muito do velho sábio, tiveram compaixão dele. Distraíram o rei... e enterraram o velho conselheiro, deixando-o com a cabeça de fora, disfarçada com uns galhos de árvore. E a comitiva seguiu a caçada. Entretanto, por causa do nevoeiro cerrado, acabaram se perdendo no meio da floresta e foram cair numa tribo de canibais. Era dia de festa na tribo e fazia parte dos rituais cozinhar um estranho. Foi uma alegria na tribo, quando viram chegar aquele bando de gente estranha. E pegaram o rei, que estava ferido e não deu conta de fugir. Mas, quando começaram os preparativos para cozinhar o rei, perceberam que ele tinha um ferimento na cabeça... e, segundo o ritual da tribo, o estranho a ser cozinhado, não poderia ter ferimento algum. 
Soltaram o rei... que logo tratou de encontrar a sua comitiva. E quando a encontrou, perante a alegria de todos, o rei se mostrou triste e com remorso: eu mandei matar o velho conselheiro... e agora finalmente eu compreendo que ele tinha razão. O conselho dele era sábio. Tudo o que acontece, acontece para melhor.  Se eu não tivesse o ferimento, teria sido cozinhado. Mas agora eu estou me sentindo culpado, com remorso, por ter mandado matar o velho conselheiro, que realmente era muito sábio.
Foi então que os capangas do rei, meio constrangidos, confessaram:
-    Meu rei... na verdade, nós não matamos o velho conselheiro. Nós apenas o deixamos enterrado, com a cabeça de fora, bem vivo.
Imediatamente o rei e a sua comitiva voltaram para salvar o velho conselheiro. E quando o tiraram do buraco, o rei se ajoelhou aos seus pés e se desfez em pedidos de perdão. Mas o velho conselheiro segurou na mão do rei, olhou firme nos olhos dele e disse: meu rei, tudo o que acontece, acontece para melhor! Pense comigo: se o senhor não tivesse mandado me matar, eu cairia com vocês na tribo de canibais. E eles iriam pegar quem!? Eu! Eu que sou velho e não poderia correr para fugir... e, como eu não não nenhum ferimento, eu teria sido cozinhado. Então, meu rei, ainda bem que o senhor  mandou me matar... porque, tudo o que acontece, acontece para melhor!


Tudo o que acontece, acontece para melhor!
Tudo o que acontece, acontece para melhor... quando sabemos olhar, quando conseguimos olhar além das coisas, quando temos, por trás do nosso olhar, a certeza que Deus segura o mundo e a nossa vida na palma de sua mão e todas as coisas encaminha para o bem e até escreve direito por linhas tortas... ou melhor, Deus escreve direito, até por linhas que nos parecem tortas.
Tudo o que acontece, acontece para melhor... quando o nosso olhar compreende que tudo está perfeito do jeito que está. 
Tudo o que acontece, acontece para melhor... mesmo quando a dor, a tristeza, o desespero até... não nos permitem entender nada...
Tudo o que acontece, acontece para melhor... quando somos capazes de abrir mão do nosso controle, quando abrimos mão de querer ser deuses e querer que a realidade e as coisas sejam do jeito que nossos interesses mesquinhos querem. 
Tudo o que acontece, acontece para melhor...
E então nós perguntamos por um outro olhar sobre a pandemia do coronavírus.
Em vez de perguntar porquê?
Está na hora de nós perguntarmos Para Que?
Tudo o que acontece, acontece para melhor... 
e então nos perguntamos: quais são os recadinhos do Corona?


II Um vírus nos fez parar...

Assim diz o Apóstolo Paulo na carta aos Efésios: tudo o que é condenável, torna-se manifesto pela luz e tudo o que é manifesto, é luz. E o fruto da luz chama-se bondade, justiça, verdade.
Talvez o primeiro Recadinho do Corona seja esse: trazer à luz uma realidade condenável, que não queríamos ver nem admitir mas que também não conseguíamos mais esconder nem parar. 
Uma desordem interna, que se reflete numa desordem na sociedade e no planeta. 
Fizeram a gente acreditar que éramos deuses entre a criação. 
Fizeram a gente acreditar que o desenvolvimento da tecnologia, mesmo feito a qualquer custo e à custa da vida dos mais pobres, iria resolver todos os problemas da humanidade.
Fizeram a gente acreditar que viemos aqui para trabalhar, produzir, ter lucro, luxo e poder...
E nós acreditamos.
A gente sabia que isso não poderia dar certo.
Mas a gente não sabia mais como parar essa máquina diabólica em alta velocidade... devorando vidas por onde passa... e passa por todo o canto e em todo o canto faz estragos.
Fizeram a gente acreditar que interioridade é coisa do passado...
Fizeram a gente acreditar que espiritualidade é coisa de gente atrasada...
Fizeram a gente acreditar que relacionamento é perda de tempo...
Fizeram a gente acreditar que cuidar de nós e dos outros era coisa de quem não tem o que fazer.
E nós acreditamos.
A ansiedade e o estresse tornaram-se as doenças da moda... e a indústria farmacêutica achou ótimo.
A depressão alastra mais que o coronavírus...
O suicídio vai alastrando silenciosamente, encoberto pela hipocrisia que não admite olhar a realidade insuportável...
A falta de sentido para viver, a angústia e o vazio... tomaram conta da nossa vida e se tornaram o ar que respiramos.
O individualismo e a indiferença, o egoísmo, o sucesso... viraram religião. 
Daquelas religiões que sacrificam vidas humanas... e sacrificam animais e sacrificam a natureza...
A gente sabia que isso não podia dar certo...
Mas a gente não sabia como parar...

Lembro aquela piada do português que comprou uma moto e convidou o amigo para dar  um passeio... e saíram os dois por aí, o português pilotando e o amigo na garupa. Andaram o dia inteiro, sem parar... e já pelo finalzinho da tarde, o amigo da garupa falou no ouvido do português: 
-    não seria melhor a gente fazer uma parada para jantar?
E o português então respondeu:
-    ora... se eu soubesse parar este negócio, já tinha parado para a gente almoçar!

A gente se encantou com as maravilhas que a tal de civilização nos vendeu... e bem caro.
E saímos por aí, andando desenfreados, sem pensar... porque a alguém convém que não pensemos.
A gente não sabia mais parar...
Muitas vezes até desejamos que o mundo parasse para a gente descer... mas o pior é que nem  sabemos para onde ir.

Um vírus nos fez parar... 
não tínhamos tempo para nada... e agora nem sabemos o que fazer com tanto tempo... porque além de não sabermos parar, não suportamos ficar parados... porque não sabemos Ser... apenas nos ensinaram a fazer.
Mas o vírus nos obrigou a parar... 
e então podemos perguntar:
Quais são os recadinhos do vírus?


III A vida é mais que o lucro...

Se alguém ainda tinha dúvidas a respeito, o Coronavírus veio definitivamente acabar com as nossas vãs ilusões: nós não temos controle de nada. Nada mesmo!
De repente, tudo parou... e a gente não sabe como será o dia de amanhã. Não sabemos se estaremos vivos, se os nossos familiares e amigos estarão vivos, se haverá respiradores, se haverá emprego depois... quando podemos sair de casa, quando podemos agendar algum compromisso...
Se alguém ainda tinha dúvidas a respeito, o Coronavírus veio definitivamente acabar com as nossas vãs ilusões: nós não somos deuses. Não somos o centro do universo, não somos donos do mundo, o mundo não gira ao nosso redor. Agora estamos em casa, parados... e o mundo continua girando... e a natureza está até melhor sem nós - os humanos ditos civilizados.
Se alguém ainda tinha dúvidas a respeito, o Coronavírus veio definitivamente acabar com as nossas vãs ilusões: esse tal desse Deus Mercado, não está com nada e não é de coisa nenhuma!

O mercado parou. A Bolsa de Valores endoidou. As empresas pararam. Os bancos fecharam. 
Não há futebol. Não há shows e até as novelas pararam.
As viagens foram canceladas. 
As Igrejas fecharam e as que não fecharam insistem em ser pedágios para Deus. Como muitas sempre foram e apenas eram isso.

O vírus parou o mundo. 
Para o mundo escutar os Recadinhos do Vírus.
A falência da nossa civilização. Resta-nos chorar a inutilidade que criamos. 
Estamos em casa, parados...
E o vírus nos esfrega na cara a nossa vulnerabilidade, a nossa impotência...
E o vírus nos faz engolir a amarga verdade que não somos deuses,
Que o dinheiro não é Deus,
Que o luxo não nos faz mais que ninguém,
Que as armas não nos protegem de nada 
E que nem as farmácias resolvem nada, na hora do vamos ver...

Estamos em casa, parados...
Para talvez perceber que existe um outro mundo, dentro de nós,
Onde raramente nós vamos.
Para perceber talvez que a ciência e o conhecimento fazem sim à diferença,
Para perceber e acordar para o valor do autoconhecimento,
Para despertar para a necessidade da espiritualidade
Aquela que vem de dentro, como busca e horizonte de sentido.

Estamos em casa, parados... 
para finalmente descobrir que o nós é mais que o eu...
Que a vida é mais que o lucro...
Que não viemos aqui apenas para crescer, trabalhar, procriar e morrer...

Uma coisa de fora, invisível até 
Nos obrigou a parar e nos convida a olhar para dentro,
A voltar para casa, 
A olhar as pessoas que estão ao nosso lado
Aquelas mais próximas que eram talvez as mais distantes...
Porque essa tal de globalização nos permite falar com alguém do outro lado do mundo
E nos afastou de casa, dos amigos, das relações, da intimidade, 
do sentido e dos significados, do simbolismo, da arte e do belo,
Da gratuidade e do fruir, do deixar fluir, do carpe diem...

Uma coisa de fora, invisível até, 
Nos fala no pé do ouvido segredos sobre solidariedade e cuidado com os outros
E nos ensina a valorizar quem cuida dos outros
Como a arte maior e mais bela entre todo o fazer...

Uma coisa de fora, invisível até,
Nos fez parar
Para escutar
Recadinhos do Vírus.


IV Somos todos Um

O Mercedes e o Gol estão parados na garagem ou na rua da porta de casa...
Os ônibus e os aviões também estão parados ou circulam vazios...
O mercado financeiro está apavorado e endoidado...
Os Templos e Igrejas fecharam...
Não é aí que Deus habita!


E os Recadinhos do Corona  vão chegando...
Caindo como fichas amargas, talvez, de engolir.
Somos todos iguais, somos todos Um...
Pobre ou rico, desempregado ou investidor da Bolsa, Empresário ou trabalhador, 
Na favela ou no resort de luxo ou em Nova Iorque...
Somos um grande sistema e estamos todos interligados
Profundamente interligados, interdependentes e mutuamente nos influenciando.
E dentro deste sistema que somos
Como em todo e qualquer sistema,
Precisa haver respeito pela hierarquia de quem merece ter lugar a ser reverenciado...
Precisa haver equilíbrio entre o dar e o receber...
Precisa que o pertencimento seja respeitado. Ninguém pode ser excluído.

Colocamos o dinheiro no centro do nosso sistema - mas esse lugar não é dele.
Excluímos milhões de seres humanos.
Desequilibramos as relações do dar e do receber.

E o Recadinho do Corona vem dizendo, silenciosamente:
Somos todos Um.
Somos todos iguais. 
Não somos ilhas. Não basta cada um lavar as suas mãos.
Não basta cada um olhar para o seu próprio umbigo
E cuidar de seus interesses mesquinhos.

E o Recadinho do Corona vem dizendo, silenciosamente:
É preciso parar. Aquietar-se. Voltar para casa. Voltar-se para dentro.
Parar de fazer.
Ser.
Viver o presente. O aqui e agora.
Saborear o momento presente.

Estamos separados, mas juntos...
Porque antes estávamos  juntos...  mas separados, distantes, indiferentes.

Ou aprendemos a viver juntos como irmãos
Ou morreremos juntos como loucos - dizia o profeta Luther King.
O vírus vem nos lembrar que decidimos morrer, como loucos... afastados.

Estamos parados...
E convém continuar escutando
Recadinhos do Vírus.


V Respeita o vírus! O vírus tem recadinhos para você!

E como tem gente que ainda não entendeu o recado... como tem!
Tem gente que ainda continua achando que a economia é mais importante que a vida
Que o trabalho é mais importante que a saúde...
Tem gente que continua estocando comida e até papel higiênico 
Pensando apenas em si... em comer... e em outras coisas, por causa do papel higiênico...
E se porventura isso nos incomoda,
Como conseguimos dormir com a consciência tranquila
Num país onde 5% das pessoas acumulam 95% de todas as riquezas do Brasil?!
Tem gente que ainda se acha mais que o vírus... e até desdenha dele e o ridiculariza...
Respeita o vírus!
O vírus tem recadinhos para você!
Tem gente falsificando álcool em gel e superfaturando o preço da máscara...
Tem gente comprando remédio que nem serve para o vírus, mas faz falta para quem dele precisa.
Tem gente que não fecha o comércio ou a fábrica ou até a Igreja... por causa do lucro!
Tem gente despedindo pai de família para não perder dinheiro na crise.
E tem gente dispensando, sem salário, a diarista de doze anos
Sem lembrar que ela e a família vão passar fome...
Tem tanta gente que ainda não entendeu os Recadinhos do Vírus...

Tem gente sem dormir por causa do dia de amanhã
Ainda querendo controlar.
Tem gente andando na rua para se divertir
Porque não sabe fazer mais nada e ainda acha que veio ao mundo a passeio.
Tem gente que fica em casa, mas não aguenta os mais próximos - tão distantes!
Tem gente tirando vantagem do desespero dos outros
Porque a vida inteira só aprendeu a fazer isso
E justo agora não ia ficar desempregado!
Tem gente fingindo de forte, ou de atleta, ou de palhaço... quem sabe?!
Ou simplesmente negando o que não dá conta de enxergar...

Colocamos a sobrevivência da Terra em risco grave...
E não queremos enxergar as ameaças...
Destruímos, poluímos, exploramos...
Veio o Tsunami e veio Mariana e Brumadinho e não acordamos.
A Amazônia e a Austrália arderam em chamas criminosas...e vimos as imagens, no sofá.
O óleo manchou as praias do Nordeste e banalizamos o crime ambiental.
A desigualdade, a injustiça social, a violência, a miséria e a fome
Correm com todo o gás... 
e nem damos notícias delas...
A dengue continua matando impunemente e nem se fala disso.
O estresse e a ansiedade continuam garantindo o lucro da indústria farmacêutica...
A depressão cresce e é tratada como frescura ou mimimi...
O suicídio alastra, cada vez mais entre os mais jovens...
e seus números são hipocritamente silenciados.
A morte... ah, a morte...
A nossos cultura escondeu a morte, romantizou a morte ou glamourizou a morte
Para alimentar a falsa ilusão de que somos eternos...
Mas agora... esse vírus nos impede até de velar os nossos mortos queridos
E talvez o recadinho maior que o coração não poderá ignorar
É a dor de sentir seu familiar querido ir embora sem dele poder se despedir...
Ou talvez o recadinho maior ainda
É lembrar que somos mortais e que a morte é a certeza inevitável 
E que só na morte pode dar sentido de verdade à nossa vida.

Porque não escutamos os recados...
Porque estávamos ocupados demais...
Porque não podíamos parar...
Porque a economia não podia parar...

Mas agora veio um vírus, invisível até,
E fez o mundo parar...
Para escutar Recadinhos do Corona!
Tomara que a gente escute!


VI A respiração é o sopro vital

É pela respiração que o vírus da morte transmite a morte
E é por insuficiência respiratória que a morte acontece.
Simbólico isso aí... se quisermos entender o recado.
A respiração é o sopro vital.
Por ele fomos criados e nele subsistimos.
É essencial.
E é justamente na essência da vida que o vírus dá o seu recado.
É pela respiração que se transmite e é a respiração que ele ataca.
Esse é o recadinho maior do Coronavírus: 
Preste atenção na essência da vida, no essencial, no mais importante...
No princípio Deus juntou o pó da terra e formou o Ser Humano
E depois soprou nas suas narinas e ele se tornou um Ser Vivente.
Assim rezam as escrituras judaicas...
Ema palavrinha dos textos sagrados é Ruah,
Que foi traduzida por sopro, respiração, espírito, espírito de Deus, Espírito Santo, Espírito Santo de Deus...
Os gregos chamavam isso de Pneuma, o que nos liga ao mundo superior...
Na India antiga chamavam de Prana, como conexão espiritual.
Na medicina tradicional chinesa chamam isso de Ki, a presença do divino em nós.
No islamismo chamam de Baraka, a nossa ligação com Alá.
Nas culturas indígenas, o Tupi-Guarani traduziu por Aivu, o Grande Espírito.
A Física Quântica chama isso de Energia Sútil ou Energia Vital.
Os nomes mudam... mas a mesma consciência perpassa todas as culturas, em todos os tempos:
A respiração é a Essência da vida.
Não respiramos apenas oxigênio e gás carbônico.
Respiramos Vida. 
Respiramos Amor.
Respiramos Deus.
Respiramos Transcendência.
Respiramos espiritualidade.
A essência da Vida é o Sopro.

Esquecemos de respirar.
Nossa respiração ficou ansiosa, apressada, sufocada.
Pobres de espírito, com o sopro pobre, pequeno.
Ficamos sem tempo de respirar.
E agora, um vírus que se transmite exatamente pela respiração 
E depois nos mata por não podermos respirar...
Traz um recadinho claro 
Para voltarmos ao essencial da vida, ao Sopro,

o Sopro que dorme na pedra, acorda nas flores, movimenta-se nos animais
E se torna consciente no Ser Humano - assim falava um monge antigo.
Mas perdemos a consciência do Sopro...
E um vírus, assim pequeno e invisível,
Veio nos lembrar do segredo da vida.
Respiração.
Respiração consciente.
Meditação.

Se o vírus se transmite pela respiração...
É também pela Respiração Consciente
que se transmite paz,  serenidade e confiança,
no saborear da Presença Amorosa de Deus que nos habita.

Não basta rezar para que a pandemia passe rápido 
E tudo volte ao normal...
Pois foi essa mania de ser normal, 
Foi o vírus da normose
Que nos adoeceu...
É preciso cuidar para que voltemos pessoas melhores
Mais humanas e mais divinas
Solidárias, boas e justas!
Porque... se nada aprendermos com tudo isto
O que mais precisará acontecer?!
Depois da pandemia
Ou seremos mais humanos e solidários...
Ou continuaremos a não Ser.

Pe. Domingos Cunha, CSh

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