O coração tem memórias
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O coração tem memórias
No deserto, Deus mostra as memórias do nosso coração,
memórias afetivas que nos querem fazer viver em função do passado.
Memórias de acontecimentos desagradáveis,
traumas, lembranças de pessoas, mágoas, ressentimentos,
constituem o nosso mundo interior.
E também memórias de acontecimentos felizes,
mas que hoje não podem repetir-se como foram antes.
Em função delas, pode acontecer que o nosso hoje
não seja hoje, mas uma repetição do passado.
Por elas, tantas vezes perdemos a esperança,
queimamos projetos, desfazemos alianças,
sentimo-nos mal na presença deste e daquela, isolamo-nos,
fugimos ou desconfiamos, ou maltratamos pessoas inocentes,
ou estabelecemos uma relação idealizada com a realidade.
Percebemos que precisamos de curar as nossas memórias
para que o agora seja agora,
com a beleza e a verdade que ele nos traz.
Para curar as nossas memórias há um caminho a fazer:
acolher, conhecer, assumir, expressar,
compreender, perdoar, reconciliar, integrar.
Os traumas de outrora, pelo perdão e reconciliação,
tornam-se acontecimentos de graça.
É bom sabermos que não conseguimos fazer
este processo sozinhos.
Precisamos da ação de Deus em nós,
para gerar as nossas disposições e a abertura ao crescimento,
e para juntar o nosso ser dividido;
precisamos do acompanhamento de alguém de fé e na fé;
precisamos de trabalhar o nosso ser dia a dia.
Pe. José Luís, CSh