Fico a pensar no poço que tem seis metros e meio e é de água deliciosa,
e no poço de vinte e cinco metros que tem pouca água e com cheiro estranho.
Às vezes pensamos que a profundidade resolve tudo.
Mas que profundidade? O que é profundidade?
O de seis metros e meio é comparável à pessoa simples que descobre
nas suas relações a alegria de viver, a partilha, a confiança,
a comunhão com a verdade e a liberdade, a gratuidade, a presença de Deus,
a chuva que aumenta a sua água.
É um poço aberto que recebe e partilha, aberto à comunhão com o seu próximo,
com a vida, com Deus, na simplicidade, na humildade, no acolhimento,
na alegria de ser em comunhão.
É o poço da bondade, da proximidade, da simplicidade, onde Deus mora.
O poço de vinte e cinco metros, de pouca água e de cheiro estranho,
é como a pessoa que procura a felicidade em busca de si mesma,
tentando satisfazer os seus desejos, com uma motivação egoísta,
fechada à simplicidade e à proximidade, não descobrindo
a comunhão da vida, nem a partilha, nem a abertura à bondade de Deus.
Ainda não conseguiu ver as flores, os amigos, a generosidade da vida
que a rodeia, o afeto, o amor partilhado na simplicidade da vida.