Gratidão - 1ºDomingo do Advento

GRATIDÃO

Leitura: Lc 17, 11-19
Caminhando para Jerusalém, aconteceu que Jesus passava entre Samaria e Galileia.  Quando estava para entrar num povoado, dez leprosos foram ao encontro dele. Pararam de longe, gritaram: «Jesus, Mestre, tem compaixão de nós!» Ao vê-los, Jesus disse: «Vão apresentar-se aos sacerdotes.» Enquanto caminhavam, aconteceu que ficaram curados. Ao perceber que estava curado, um deles voltou atrás dando glória a Deus em alta voz. Jogou-se no chão, aos pés de Jesus, e lhe agradeceu. E este era um samaritano. Então Jesus lhe perguntou: «Não foram dez os curados? E os outros nove, onde estão? Não houve quem voltasse para dar glória a Deus, a não ser este estrangeiro?» E disse a ele: «Levante-se e vá. Sua fé o salvou.»
Silêncio
Reflexão: O Papa Francisco surpreendeu-nos há tempos com as três palavras chave do bom relacionamento familiar: “Com licença, obrigado, desculpe”. Palavras simples, é verdade, mas que fazem a diferença nos relacionamentos autenticamente humanos e cristãos.
O que significa agradecer? Primeiramente, é o reconhecimento do outro, de sua presença em minha vida, de sua ação em favor de mim. Mais que uma palavra delicada ela é uma atitude que resulta da surpresa que a ação do outro provocou em mim. Platão dizia que a surpresa faz brotar a filosofia. Mas a surpresa faz brotar também a alegria, o êxtase, que, por sua vez, gera a gratidão. Já alguma vez passaste pela experiência de seguir numa estrada e, de repente, surgir na tua frente a imensidão do mar? A primeira reação é, sem dúvida, de surpresa, mas depois vem o êxtase, a alegria … do mais profundo do teu ser parece subir uma sensação de enlevo, de bem-estar que te faz entrar em comunhão com o infinito… é a gratidão! Um sentimento que te faz entrar em comunhão profunda com o cenário, com as pessoas que contigo contemplam e se deixam arrebatar pelo infinito, até Deus, num obrigado sem fim.
Obrigado!!! Só há pouco entrei no sentido profundo de obrigado… soava-me a sem sentido, a oco, pois me dava a sensação de querer devolver o gesto, o favor, a graça… dava-me uma sensação de arrogância, pois me fazia sentir inconformado diante da ação que alguém fazia em meu favor. Hoje, ‘obrigado’ faz-me perceber o grau mais profundo da gratidão: ela me faz estabelecer um vínculo com a pessoa e com a sua atitude; me faz comprometer com atitudes de bem fazer e de transformar que ajudarão os outros a serem mais pessoas, a olhar e a sentir-se com mais dignidade. Dizer ‘obrigado’ é tomar consciência do dom que me é disponibilizado e que agora, duma forma consciente e livre eu aceito como meu e integro no meu ser. ‘Obrigado’ me faz ajoelhar diante do mistério de Deus que, apesar da minha finitude, não deixa de me surpreender em cada dia com novos dons, novos gestos do seu amor infinito e incondicional, que sem nada exigirem de mim, me fazem perceber a gratuidade do seu ser em mim.
Agora entendo o melhor o alcance da “cura dos dez leprosos”. Agora posso entender a surpresa de Jesus quando vê apenas um dos dez que foram curados voltar para agradecer… Agora dá para entender que os dons de Deus não são meros benefícios individuais, mas me fazem descentrar de mim mesmo, sair do meu individualismo para fazer da minha vida disponibilidade, encontro, entrega. Obrigado Senhor!
Vamos conversar sobre a forma como vivemos a gratidão. Vamos partilhar gestos e atitudes que falem de gratidão, que mostrem a forma como nos sentimos gratos diante das pessoas, das situações, de Deus…
O Papa Francisco diz: “Sejamos intransigentes na educação à gratidão: a dignidade da pessoa e a justiça social passam por aqui. Se a vida familiar subestima este estilo, a vida social também o perderá. A gratidão, para quem crê, está no coração da fé: um cristão que não sabe agradecer é alguém que esqueceu a linguagem de Deus”,
Ação: Como poderíamos desenvolver a gratidão? Que gestos e atitudes de gratidão poderíamos realizar ao longo desta semana? Ah! Ao longo desta semana, vamos usar o nosso sorriso mais sincero e gastar bem o profundo OBRIGADO: às pessoas (todas!), à vida, a Deus!